27.8.10

Democracy and the hard way

Durante um bom tempo tive a "sorte" de ser convocada para trabalhar em eleições (pra ganhar dinheiro ninguém me acha, mas pra trampar de graça...). Apesar de achar um pé no saco, sempre fui de sangue doce. Em geral, a eleição era a oportunidade de ver boa parte dos meus ex-colegas da Fundação Bradesco, gente que eu encontro só nessas ocasiões mesmo. Por ficar o dia todo na escola por conta da votação, várias vezes saí de lá feliz com estes reencontros.

Na última eleição para prefeito eu não estava aqui. Estava eu no lugar onde estas questões democráticas são mais simples (pela total inexistência). Na China não tem nada disso. A melhor (e única boa) parte: não tem horário eleitoral gratuito.

Se não fosse a convocação para trabalhar naquela eleição para prefeito, eu não teria ido ao Japão visitar o namoradão e passar o aniver dele com ele. Porque a China não tem democracia, mas tem burocracia em dobro. Explico: o Japão é um país chato pra chuchu e pede milhões de coisas para conceder visto para brasileiros, uma delas é uma declaração com data próxima ao pedido que comprove que tu tens emprego ainda onde tu estás e ainda ganha um salário decente (suficientemente decente para não cogitar a possibilidade de imigração). A agência onde eu trabalhava também era chatinha e tinha uma regra: este tipo de declaração só poderia ser dada uma vez por contrato. Como eu já tinha quebrado a regra pegando duas, eles acharam que a terceira era demais.

Já sem saber o que fazer com a minha passagem paga e esbravejando para todas as versões do buda, recebo uma ligação da minha mãe atucanadíssima dizendo que fui convocada para a eleição e que eu deveria justificar com antecedência a minha ausência. Nada melhor que pedir para o meu empregador um atestado dizendo que eu trabalho lá, ganho tanto... Isso mesmo. Pedi o papel de novo, mas sem dizer que o usaria também para ir ao Japão.

Primeiro levei uma meia hora explicando o que é uma eleição, como funciona uma eleição, quem trabalha em eleição no Brasil e como poderia ser um problema diplomático (sic) se eles não me dessem o papel. Tirando a parte em que claramente eu tapeei a chinesa, o negócio é sério. Eu não vivi a ditadura brasileira, mas sei bem que foi horrível. Minha mãe é professora de história e me contou vários episódios, fora tudo o que se estuda, que me lembrei da China, estando lá. É estranha a sensação de não poder escolher, mesmo que muitos não sintam falta justamente por nunca ter experimentado.

Pensando nisso hoje, passou um pouco do ai-que-saco e até ouvi o horário eleitoral. Mas só por hoje.



PS1: Este post bem que poderia vir para também, já que a história tem a ver com aquele país grandão do outro lado do mundo.
PS2: Para outra c0isa me serviu o episódio: desta vez eles não me pegaram para presidente de mesa. Oba!

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